Comunidade quilombola do Cumbe vive insatisfeita com presença de eólica

15:58 | 17 de Sep de 2024 Por Daniel Oiticica
Comunidade quilombola do Cumbe vive insatisfeita com presença de eólica

Localizada a 159 quilômetros de Fortaleza, a Comunidade Quilombola do Cumbe, em Aracati, vive um drama desde a instalação de um parque eólico na região.

Em 2007, a promessa de que progresso e empregos seriam gerados foi bem recebida, mas os impactos existiram e se perpetuam até hoje. “Nossas pesquisas buscam evidenciar o impacto ambiental e as alterações na dinâmica de movimentação de um dos maiores campos de dunas dessa região e os empecilhos que isso projeta no cerceamento ao amplo acesso à comunidade do Cumbe”, conta o professor Antonio Jeovah de Andrade Meireles, do departamento de Geografia da UFC, em entrevista à Caravana.

“Eles tiraram o nosso acesso à praia. Tivemos que procurar a Defensoria Pública para poder assinar um Termo de Ajustamento de Conduta e voltar a ter o acesso”, conta João do Cumbe, um dos líderes da comunidade.

Um dos trabalhos realizados pela UFC, organizado por Antonio Jeovah, junto aos professores Adryane Gorayeb e Christian Brannstrom, “Impactos socioambientais da implantação dos parques de energia eólica no Brasil”, revela, em seu capítulo dedicado à comunidade do Cumbe, que “a instalação do parque eólico alterou as modalidades de uso das dunas, lagoas interdunares e mar, ocasionando restrição no seu emprego comunitário”.

“O Cumbe é uma comunidade que está sendo de fato encurralada com esses impactos ambientais. Estamos estudando e denunciando o problema. Precisamos das energias renováveis, mas que sejam ambientalmente justas, ecologicamente adequadas e que não privatizem grandes áreas de domínio dessas populações ancestrais”, ressalta Antonio Jeovah.