UFC promove visibilidade de artesãos de barro de Moita Redonda

21:29 | 11 de Sep de 2024 Por Daniel Oiticica
UFC promove visibilidade de artesãos de barro de Moita Redonda

Um projeto da Universidade Federal do Ceará (UFC), na comunidade de Moita Redonda, em Cascavel, está mudando a realidade de artistas que trabalham com o barro. O Laboratório de Design Social da universidade está em fase de produção de um mapeamento completo com a produção de um catálogo para dar visibilidade à comunidade.

Um deles é Lucivaldo da Silva, 40 anos, que trabalha com barro desde os 10 anos. Aprendeu o ofício com sua mãe. Essa tradição familiar continua sendo transmitida, de geração a geração. O projeto Varal da UFC provocou uma verdadeira revolução na sua vida. “O artesanato é tudo para mim, porque através dele eu fui criado e criei minha família. E agora meus filhos também trabalham com isso”, disse.

A chegada da UFC na comunidade permitiu aumentar a visibilidade do trabalho de todos, o que gerou também um aumento da procura por suas peças. “Esse projeto melhorou bastante as nossas vidas. Passamos a vender mais, assim como toda a comunidade. Agora todos nós temos oportunidades”, afirma.

A possibilidade de receber mais compradores também virou realidade pelas melhorias de sinalização realizadas no acesso à comunidade. “Hoje, na entrada da cidade agora tem uma placa bem grande que mostra a palavra Artesanato”, comemora.

Projeto Varal, do Departamento de Design Social, está preparando um catálogo para dar visibilidade a artistas e peças

Em entrevista à Caravana UFC 70 anos, a professora Lya Brasil Calvet, uma das responsáveis pelo projeto, explica que o mapeamento pretende criar um instrumento de comunicação para que Moita Redonda e o trabalho dos artistas sejam reconhecidos.

O POVO: O que é o Projeto Varal?

Lya Brasil Calvet: O Varal é um projeto de extensão de iniciativas em design social, que é um tipo de design que procura atender necessidades de pessoas invisibilizadas, que normalmente não teriam suas demandas atendidas em um contexto comum de mercado. O Varal foi criado em 2012 e atende a várias comunidades, mas no momento o foco é a comunidade de Moita Redonda, em Cascavel, onde já realizamos projetos desde 2017. Lá, trabalhamos com os artesãos de barro.

O POVO: Quais são as principais ações do Varal em Moita Redonda?

Lya Brasil Calvet: Para nós, sempre foi importante não somente mapear o território, mas também as relações pessoais, quem é familiar de quem, quem faz o quê, que tipo de barro e peças essa pessoa usa. Um dos nossos trabalhos foi o mapeamento social e cultural. Atualmente, o projeto é um catálogo de artesãos que reúne todas essas pessoas trabalhadoras do barro, incluindo mestres, auxiliares, colaboradores, especificando suas expertises.

O POVO: Quais são os principais objetivos do projeto?

Lya Brasil Calvet: A visibilidade dessas pessoas, tornar o mapeamento um instrumento de comunicação para que as pessoas conheçam Moita Redonda, seus artesãos e artesã e visitem a comunidade. Que possam entender onde ela está localizada geograficamente.

O POVO: Como a comunidade está sendo impactada?

Lya Brasil Calvet: A gente percebe o impacto positivo quando escutamos as pessoas dizerem que estão sendo visitadas, que estão conseguindo convites para exibir e vender suas peças. O impacto não está só no sentido externo, está no sentido interno do próprio projeto, de a gente ir até eles, trazer exibições do que temos feito, acompanhar o projeto para que eles possam dar feedback, fazer comentários, dizer se está funcionando, ou que melhoria pode ser feita. Então esse impacto é lento, mas duradouro e a gente está começando a vê-lo em uma escala mais externa. Temos já um produto em andamento, que é o catálogo de artesãos. Esperamos entregar esse produto para todos os membros da comunidade, os núcleos produtores de artesanato e servir como um modelo, de sistematizar o que fizemos até agora como um instrumento a ser utilizado por outras pessoas em diferentes comunidades do Brasil. Esperamos reunir a nossa metodologia, cabeça, corpo e coração, no qual paramos para identificar as necessidades, para fazer junto e finalmente implementar. Esperamos que essa metodologia seja passível de aplicação em outros contextos além do nosso.